Dia 6
27 de dezembro 2014
Hoje rumamos de novo ao sul, uma
vez que a viagem de ontem foi interrompida pela chuva torrencial e pelas
estradas alagadas.
Ao longe, começamos a ver o Pico
do Cão Grande, uma elevação vulcânica de forma aguda, e com uma altura de 300m
em relação ao solo. Na zona, grandes palmeirais de produção de óleo de palma,
vão ocupando o lugar da selva.
No final da estrada do Sul, a
EN2, a praia Inhame que tem um Eco Lodge fantástico, e a praia é daquelas que
costumamos ver nos catálogos. Areia fina, com vegetação e coqueiros quase até à
água. Merece a pena a visita e o banho nas suas águas tépidas. Em frente está o
Ilhéu das Rolas. Optámos por não visitar. Só se podia ir via agência, com um
custo de 55 € por pessoa, e achámos que não se justificava. A Praia Piscina,
que deve o nome a uma piscina natural formada na placa rochosa, e a Praia Jalé,
são visitas a não perder. A praia Jalé é um dos principais locais de desova de
tartarugas. Ambas são lindíssimas e na altura estavam completamente desertas e
sem nenhum restaurante a funcionar. Paragem de novo no restaurante Miongá, onde
nos deliciámos com um caril de peixe fumo, que estava de outro mundo. O
regresso até à cidade foi recheado de paragens e interações com as crianças,
distribuindo bolachas. Foi uma tarde bem passada, uns toques de bola, umas
conversas interessantes a saber o que estes miúdos esperam do futuro.
Infelizmente esperam muito pouco…
Dia 7
28 de dezembro 2014
Hoje o programa é dedicado ao
norte e a banhos, que o dia está quente. Primeira paragem para mergulhos em
Praia das Conchas. Mais à frente, paragem em Morro Peixe, aldeia de pescadores.
As pirogas estava a chegar, carregadas de espadartes, que são depois
transportados da praia até ao mercado, no dorso de motorizadas. É aqui também
que se encontra o Museu do Mar e o Centro Nacional de Conservação de tartarugas
marinhas. Não havia tartarugas bebés, uma vez que tinham sido libertadas na
véspera. Continuámos pelas praias de Tamarindos e Governador. Tivemos a sorte
de ver na Praia de Micoló tartarugas recém-nascidas, numa incubadora.
Nesta costa veem-se muitos navios
de pesca encalhados. São maioritariamente do Gabão, cujas tripulações encalham
propositadamente, por falta de pagamento de salários.
O almoço aconteceu
inesperadamente na praia Micoló, num restaurante improvisado e com o produto da
pesca do dia acabado de chegar. Rapidamente a mulher do pescador coloca uma
mesa e duas cadeiras que trouxe de casa, e mesmo ali na rua, a refeição acontece.
Uma grelhada de peixe bica, barriga de andala, choco, espetada de búzio, tudo
acompanhado pela sempre presente fruta pão assada. Um molho de óleo com
malagueta esmagada, foi o tempero perfeito, para uma grelhada que estava de
comer e chorar por mais. Tudo isto por 300.000 dobras, sensivelmente 12 €.
Regresso à cidade. No jardim do hotel, uma sessão de fotos para noivos acontecia.
Na realidade é o único jardim cuidado que se consegue encontrar. O resto da
tarde foi passada a ouvir reggae e rap africano, com 4 miúdos que costumam
andar perto do hotel a vender artesanato e não só... São uns putos porreiros,
mas a falta de oportunidades que existem no país, leva estes miúdos por
caminhos pouco recomendáveis.
Dia 8
29 de dezembro 2014
Hoje o dia é para visitar as
roças do centro da ilha. Começámos pela Roça Monte Café, em segunda visita, onde
se pode visitar o Museu do Café, que nos oferece uma viagem pela história do
cultivo do café, desde a plantação, colheita e secagem.
As máquinas fotográficas com
visor continuam a deliciar as crianças, que pedem fotos para depois se verem no
visor. Paragem em Trindade, onde
almoçamos. Zona onde tristes acontecimentos começaram, a 3 de fevereiro de
1953. Ficou conhecido pelo Massacre de Batepá ou Guerra da Trindade. O então
Governador, Carlos Gorgulho, pretendeu forçar a população nativa da ilha a
trabalhar como serviçais nas roças, sendo o trabalho muito mal pago ou mesmo
não pago. Isso deu origem a uma revolta popular, com consequências dramáticas
para os nativos da ilha. Dia 3 de fevereiro continua a ser feriado no país. A
tarde foi dedicada à cidade de São Tomé. Procurámos por panos africanos, e
algum artesanato, que acabámos por adquirir aos miúdos do reggae. Passámos pelo
espaço Cacau, um dos locais mais culturais do país. A funcionar numa antiga
oficina de manutenção de comboios, é uma referência no panorama cultural,
acolhendo a Bienal de São Tomé e Príncipe, e residências artísticas. Tem uma
programação de exposições, concertos debates, etc, e é ponto de encontro para
uma bebida ou um petisco. Tem um museu que se pode visitar, e onde se pode
deixar um donativo, sendo este aplicado na confeção de almoço para as crianças
que vão à escola na cidade e são de longe. Chegam a caminhar diariamente mais
de 3 horas. Relativamente aos comboios, atualmente já não há qualquer vestígio,
mas que nos anos 20 do século passado ocupavam 600 km de linhas de caminho de
ferro, que se espalhavam e estendiam por toda a ilha, servindo para escoar a
produção agrícola das roças, até aos portos de mar. Jantar de comida
tradicional nos Sabores da Ilha, no Parque Popular.
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